Receber a notícia de que a gestação foi interrompida naturalmente é uma notícia muito dolorosa. A alegria recente pela descoberta da gravidez é substituída subitamente por uma enorme tristeza. As maiores angústias quase sempre se referem ao futuro: vou poder engravidar de novo? Há chances de que a próxima gravidez evolua normalmente?
Na grande maioria das vezes, a resposta para as duas perguntes é: SIM! A maioria das mulheres consegue engravidar novamente, e também a maioria das gestações vai transcorrer normalmente.
A notícia do aborto pode chegar devido a um episódio de sangramento agudo, numa visita à maternidade. Nesses casos, a decisão de realizar ou não procedimentos de esvaziamento uterino (como curetagem ou aspiração manual intrauterina – AMIU) vai depender da intensidade do sangramento e de outros fatores individuais da paciente.
Porém, quando a interrupção da gestação é detectada em US de rotina, na ausência de qualquer sangramento, uma dúvida se apresenta para a mulher:
O que é melhor: aguardar a expulsão espontânea ou fazer uma curetagem uterina?
Nesses casos, embora muitas pacientes tenham o desejo de resolver imediatamente a situação fazendo procedimentos de esvaziamento uterino, o melhor seria aguardar a descida espontânea da menstruação. Se a gestação foi interrompida antes de 8 semanas, é bem possível que todo o material gestacional possa ser expelido naturalmente, sem que haja necessidade de fazer curetagem. Chamamos essa decisão de conduta expectante. Podemos aguardar por até 4 semanas pela expulsão espontânea. Nesses casos, a mulher deve procurar atendimento médico imediatamente se apresentar febre, corrimento com odor fétido ou tiver algum sangramento de maior intensidade.
Qual a justificativa de se tentar aguardar a expulsão natural do material gestacional?
Isso se deve ao fato de que os procedimentos de esvaziamento uterino (curetagem ou aspiração manual intrauterina – AMIU) não são isentos de riscos. Um dos riscos existentes é a ocorrência de traumas no endométrio (camada que recobre o útero internamente), levando a cicatrizes ou aderências, também chamadas de sinéquias uterinas. As sinéquias podem levar a dificuldades de engravidar futuramente.
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